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O que está por trás do fenômeno Juliette Freire, campeã do BBB 21?

O que está por trás do fenômeno Juliette Freire, campeã do BBB 21?

O BBB, um reality que ultrapassa duas décadas de exibição no Brasil, normalmente apresenta dois tipos de espetáculo para quem atravessa a porta de saída da casa mais vigiada do país: um massacre, ou a coroação.

Em uma edição marcada por recordes mundiais de rejeição e um ódio canalizado e impetuoso, reflexo muito do momento em que estamos vivendo, também vimos nascer um fenômeno. 

Um fenômeno de Campina Grande, Paraíba, que herdou de sua terra o que a fez campeã: seus valores e seus princípios. Em um país carente de direcionamento político social, à deriva de respeito de opiniões, Juliette Freire trouxe clareza, alteridade e carinho.

R$ 1,5 milhão. Juliette não cedeu seu caráter ao prêmio tentador. Pelo contrário: representou seu Nordeste, foi uma força feminina, mostrou amor-próprio, sua força própria. Foi coerente, tinha convicções.

Juliette Freire foi a maior campeã do BBB?

Todo esse carisma que Juliette demonstrou dentro do programa ajudou muito na formação desse fenômeno, mas a catapulta envolve diversos esforços, principalmente de uma equipe de assessoria dedicada aqui do lado de fora e, claro, de quem faz o programa acontecer: o público.

As redes sociais da paraibana foram usadas para criar um elo entre a participante e o público. No Twitter, era uma conversa em tempo real entre fã e administrador.

O público não consegue acompanhar o BBB 24 horas por dia. Sua equipe recortava e criava uma narrativa de sua passagem pela casa para facilitar o acesso dos espectadores ao que ela fazia. Usavam o feed, principalmente do Instagram, para mostrar quem ela é e as atitudes dela lá dentro.

Enquanto celebridades precisam moldar suas personalidades para atender às necessidades das marcas e produtos para estimularem o desejo do público para consumi-los, Juliette fez inconscientemente o oposto: mostrou quem é, de verdade. 

E para uma marca ou produto, essa essência, se bem utilizada, vale mais do que somente tê-la como estrela de uma campanha: Juliette é um conceito perfeito para quem quer despertar a confiança, transparência, bom gosto e humor.

Ela já foi capa da Marie Claire: é a nova “namoradinha” do Brasil.

Agora no começo de junho de 2021, um mês depois do final do reality, data original desta matéria, Juliette registra 30,4 milhões de seguidores no Instagram. Isso porque ela é multifacetada.

Além de ser divertida e engraçada, Juliette sabe fazer um pouco de tudo: ela canta, dança, se maquia, sabe conversar sobre assuntos engraçados e polêmicos. Ela se relaciona e se comunica com todos, de todas as tribos: desde os “bastião”, até os homossexuais, os famosos e as pessoas mais jovens. 

E é exatamente isso que as empresas buscam de seus profissionais: pessoas que saibam resolver problemas, sem gerar mais problemas, conseguindo conversar com diversos públicos.

O poder da representatividade: Juliette, a mulher que escancara o cuscuz para o Brasil

É mulher, nordestina, batalhadora, independente e tem uma trajetória marcada por superação. Pega a cultura de onde veio e escancara para o mundo. Ela canta a música do Nordeste, valoriza as tradições da sua terra e, não raro, compartilhava tudo isso com seus companheiros de casa – e por tabela, com o espectador. O cuscuz, que Fiuk reagiu com preconceito, é a base da alimentação do nordestino. E é uma delícia. Um público identificado. 

Tentaram de todas as formas silenciá-la. Silenciar uma mulher. E quando ela tentou se fazer ouvida, a excluíram. Clássico mecanismo social. Não se sentir aceito em grupo e, pior ainda, ser alvo de piadas é de uma crueldade sem tamanho. E muita gente certamente já passou por isso em algum momento de sua vida, ou testemunhou alguém passando. Falando em linhas gerais. Para uma mulher, isso é fator de identificação imediato.

Não ser ouvida e ainda apontada como culpada. A pane de Juliette no início de sua trajetória é memorável até ela de fato pisar no chão e voltar a ter confiança na pessoa que ela é. Outro público identificado.

Por fim, Juliette erra, reconhece suas vulnerabilidades, mas, ao mesmo tempo, trabalha sempre para melhorar e evoluir. Percebe-se que Juliette sabe reconhecer quando errou, pede genuinamente desculpas e não traz à tona os erros dos outros, olhando sempre para frente. E é aí que entra uma outra característica marcante de Juliette: ela não guarda mágoas, conseguindo zerar o que aconteceu com ela e a confusão. É um pouco do que todos queremos ser. Todos nos identificamos.

A jornada da heroína Juliette

Consciente ou inconscientemente, Juliette trabalhou com o que chamamos de jornada do herói. Em suas mídias sociais, conseguiu contar sua história de maneira estimulante e dentro do programa, acompanhamos sua jornada de ascensão, queda e redenção.

Primeiro, a participante do grupo pipoca recebeu um chamado para entrar na casa. Não é segredo para ninguém que a primeira semana é uma das mais delicadas do programa. Sem a chance de serem conhecidos, os participantes têm de lutar pela atenção do público e pela compaixão dos colegas. Juliette foi uma das que começaram o reality imunes graças a escolha popular. Foi o suficiente para respirar um pouco antes do turbilhão de problemas que chegaria.

Com a língua maior que a boca, pouco entendimento e um julgamento maior ainda por parte dos outros confinados, Juliette começou a ruir, ser excluída. Um dos primeiros problemas que Juliette enfrentou no reality teve nome e sobrenome: Karol Conká. Enquanto a artista sentiu certo ciúmes da paraibana com relação a Arcrebiano, Juliette se tornou um alvo de Karol e seus aliados, como o Projota e Nego Di.

Se sentindo afastada do restante da casa, Juliette se aproximou de Lucas Penteado, outro que também foi rejeitado entre os participantes. Juntos, os dois começaram a ganhar o apoio do público e outras amizades, como Gil e Sarah.

Enquanto Penteado acabou saindo da casa, formou-se um importante vínculo entre Juliette, Gil e Sarah. “Sozinhos” contra a casa, os três ganharam alta popularidade por algumas semanas, mas tudo que é bom dura pouco. É quando ela começa a trilhar seu próprio caminho, sendo julgada por seus próprios aliados.

Nesse momento se mostra muito mais forte e vocaliza a história de suas origens. Muitos brasileiros se identificaram com a sua garra e de onde ela veio, para onde chegou. A partir daí, é uma história linda, de reconstrução, de conquista, de amor próprio, de coerência e consistência.

A heroína Juliette triunfava descobrindo que nunca mais se sentiria sozinha, ao na final ser revelado que possuía 24 milhões de seguidores e que era a campeã da edição.

É impossível ser uma marca de sucesso sozinha

Ao entrar no BBB, Juliette escolheu algumas pessoas de confiança como administradores de seu perfil. 

Contudo, precisaram contratar mais, entre redatores, designers, editores e produtores de conteúdo, que se revezam entre todas as plataformas que a participante está presente durante 24 horas por dia. Ter uma equipe competente te faz ter uma resposta mais rápida, adaptando a linguagem da rede social de maneira certeira ao seu público.

Assim como um produto ou serviço, Juliette se posiciona como uma marca forte. Para construir sua imagem, adotou cactos e elementos nordestinos: tanto que seu fandom é denominado cactos.

Tanto seu conteúdo nas redes sociais, quanto na sua personalidade, Juliette definiu o arquétipo que chamamos de “Bobo da Corte”: divertida, engraçada, mostra suas “gaiatices”, o fato de falar demais, de ser estabanada, suas vulnerabilidades, deixam-na ser “gente como a gente”.

Conversamos com Teca Falcão, Head of Social Media dos perfis da Juliette:

O Twitter é uma rede para narrar 24 horas, acompanhar tudo. O Instagram também. O TikTok é diferente, é uma plataforma de dublagem, de música, de humor. A equipe de Juliette tem um alcance imenso com arquivos de vídeos de tutoriais de maquiagem e de pérolas, com várias falas engraçadas.

Juliette Freire não deixou conteúdos prontos para serem postados em suas redes sociais, então a equipe precisou recorrer aos arquivos do Instagram para construir a estratégia de mídia que fosse em encontro com a personalidade da maquiadora.

Muito além do que puxar mutirões ou repostar vídeos de dentro da casa, há uma comunicação que fala com o público externo, muito além do que o jogo pede. Se Juliette canta uma música e algum seguidor a posta cantando, o perfil reposta. Se alguém compõe o look igual ao da participante, logo ganha visibilidade nos Stories. Cada artista que foi se identificando com a big sister também colaborou para a alta projeção que ela ganhou. 

Cada fala dela dentro da casa, era corroborada com alguma foto antiga ou vídeo que explicasse o que ela dizia. Alimentar um feed de maneira relevante e constante não foi papo para amador: ali, além de especialistas, são utilizadas ferramentas de Marketing Digital que auxiliaram a própria escolha de conteúdo, estudando muito bem o SEO. 

Afinal, o nome Juliette está na boca do povo. De acordo com o Google Trends, antes do início do programa o termo “Juliette” sequer figurava entre algum dos procurados e no dia 2 de abril de 2021 já era um dos mais populares. A ascensão pela busca do nome da participante começou após o primeiro dia de confinamento. 

Não dá para comentar o sucesso de Juliette Freire nas redes sociais sem abordar a virada que foi para o jogo externo quando Manu Gavassi, do BBB 20, deixou pronta uma série de conteúdo em storytelling antes de entrar em confinamento. Até então, todo conteúdo de Marketing Digital era passivo do que viria da TV. Criar uma linguagem de interatividade e atualização constante foi inovador. A Manu dentro do BBB e a Manu dos vídeos diários eram a mesma pessoa. A atitude coerente e o carisma – uma fábrica de memes – foi essencial para que ela saltasse de 4,4 milhões de seguidores para 13,2 milhões. Em 2021, vimos alguns participantes seguirem a mesma linha de raciocínio, mas nenhum deles trouxe cases tão fortes quanto a paraibana. A evolução do conteúdo digital de Juliette trouxe fatores muito além do utilizado por Manu: apelo pela história de vida, regionalidade e visão de jogo.

O que o público via de casa, coincidiu com o que Juliette lia dos outros participantes dentro do BBB. Nessa conexão, bastou ao social media repercutir e puxar opiniões. Na regionalidade o Nordeste mostrou sua força – em músicas, no Dicionário Julietês e em diálogos com Gil do Vigor, que junto com a paraibana formou uma das duplas mais queridas de todas as edições.

Afinal, o que está por trás do fenômeno Juliette Freire?

Juliette soube como poucos aliar autenticidade com o poder da mobilização nas redes sociais. Esse é o coração, mas existem elementos que compõem a narrativa da campeã: representatividade, a jornada do herói, coerência.

A paraibana já tem mais audiência do que Ludmilla, Xuxa Meneghel, Jair Bolsonaro, Lula, João Dória e Ciro Gomes. Antes do programa, seu perfil no Instagram, por exemplo, tinha pouco mais de 3 mil seguidores. 

Com engajamento superior à Kim Kardashian e quase 5% a mais de engajamento que Cristiano Ronaldo, que tem o maior número de seguidores no mundo, dentro do Instagram, o perfil de Juliette não para de bater recordes. Em seis minutos, uma de suas fotos superou 1 milhão de curtidas, marca alcançada anteriormente pela cantora americana Billie Elish. 

Um cálculo feito pela Microsoft News, considerando uma publicação paga no valor de R$ 120.000, uma média oferecida para influenciadores de grande porte, caso a paraibana faça um post pago por dia, seu faturamento mensal poderia chegar a cerca de R$ 3,5 milhões.

Em um ano, os lucros somente com o Instagram ultrapassariam os R$ 43 milhões, colocando em um patamar de empresa de médio porte.

Juliette virou música. Ao som de uma voz doce e suave, Alceu Valença, Maria Gadú e até Chico César foram entoados. A moça pedia que Deus a protegesse da maldade de gente boa e o público parece ter se identificado com a oração.

Se esse conteúdo te interessou, não deixe de conferir nosso guia completo sobre como é a Jornada do Empreendedor e se aprofundar ainda mais no assunto!

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