Gustavo Kuerten, o Guga, foi eleito pela revista americana Tennis, uma das publicações mais relevantes do esporte, como um dos 50 maiores tenistas da história da Era Aberta. O ex-número 1 do mundo ocupa a 21ª posição no ranking.
A reportagem da Tennis relembra a trajetória explosiva de Guga, que conquistou seu primeiro título no Aberto da França ainda quando ocupava a 66ª posição na ATP. Ganharia ainda o triplete de Roland Garros e se tornaria o primeiro brasileiro a chegar ao posto mais alto do tênis mundial.
A publicação enfatiza também a paixão e determinação de Guga pelo tênis, no emblemático dia do coração no saibro, após seu terceiro título do grand slam. “Ele desenhou um coração com a raquete e se deitou no meio. Foi lá que Guga, com sua contagiante alegria, ganhou o coração dos fãs de tênis em todo o mundo”, diz o texto da Tennis.
Guga, com seu estilo ofensivo, foi a maior ofensiva do tênis brasileiro. Tem muito o que ensinar, em uma briga de Davi e Golias, onde sempre teve que matar dez leões por dia para entrar em um esporte que é muito restrito de ocupar, de pertencer, de vencer, de prosperar.
Bem, fez tudo isso. Guga dentro das quadras, Gustavo Kuerten fora delas. Ídolo nacional, que sempre devemos perpetuar.
Quem é Guga, o brasileiro que ousou ser o primeiro do mundo no tênis?
Guga foi filho de juiz e jogador amador de tênis. Aldo Kuerten, seu pai, foi quem o colocou no mundo do esporte, logo aos 6 anos de idade. Figura tão marcante, que definiu de certa forma quem Gustavo seria, mas que aos 9 anos fora embora. Falecera.
Guga perde o pai antes de compreender as nuances da vida. Antes de conhecer Aldo Kuerten, pai, marido, filho, amigo, juiz e jogador de tênis, o mesmo ofício que no futuro o consagraria.
Oriundo de Florianópolis, do ano de 1976, Gustavo Kuerten sempre conviveu com as raquetes na mão. O momento de virada de chave, talvez, tenha acontecido aos 14, quando Larri Passos o agarrou vislumbrando todo seu potencial. Se tornou a figura paterna que precisava ser cicatrizada desde a deixada de Aldo.
Começou a treiná-lo, como um profissional. Mais profissional do que já era desde os 6, sob a tutela cuidadosa do pai. No juvenil, desde os 16 anos, começou a passar o carro.
Título por equipes
- 1993 – Campeão Sul-Americano (Saibro)
Títulos individuais
- 1993 – Campeão Mundial de 18 Anos (Sunshine Cup) (Saibro)
- 1993 – Campeão do Challenger de Campinas (Saibro)
- 1994 – Campeão de 3 Etapas do Circuito Cosat (Saibro)
- 1994 – Campeão Brasileiro de 18 Anos (Saibro)
- 1994 – Campeão da Copa Davis (Saibro)
- 1994 – Campeão do Torneio Satélite de Portugal (Saibro)
- 1994 – Campeão do Torneio Satélite da Colômbia (Saibro)
- 1994 – Vice-Campeão do Orange Bowl (Saibro)
Títulos em duplas
- 1994 – Campeão de Roland Garros (Saibro) – fez dupla com o equatoriano Nicolas Lapentti
- 1994 – Vice – Campeão do Orange Bowl (Saibro)
Destaque inevitável para o ano de 1994, campeão da Copa Davis e de Roland Garros, na dupla com o equatoriano Nicolas Lapentti. São 7 títulos jogando sozinho, 1 por equipes e 1 em duplas. Apenas 2 vices-campeonatos, 1 solo e 1 em duplas.
Um ano depois, em 1995, sua carreira profissional começou. Fez parte da equipe brasileira que fez o país alcançar a primeira divisão da Copa Davis, o que o colocou em posição de destaque no Brasil. Atingiu o número 2 no ranking nacional, apenas atrás de Fernando Meligeni.
Em 1997 tudo mudou. Foi neste ano que o então 66º rankeado na ATP venceu seu primeiro grand slam simples, contrariando todas as expectativas. Roland Garros, o tradicional Aberto da França, era verde e amarelo.
O título trouxe projeção mundial a Guga, que já entrava nos arautos da história do esporte brasileiro – mas o que o destino lhe reservava seria ainda de maior grandeza. Em 2000, veio o segundo título de Roland Garros e, com ele, a conquista do topo do ranking da ATP.
Mais que o maior brasileiro, Guga Kuerten se tornou o maior tenista do mundo. Foi a primeira vez em que um tenista sul-americano foi concedido com tal honraria no esporte. Ainda veio o tricampeonato, em 2001 – acompanhado de 60 vitórias no ano e da 2ª colocação entre os maiores do ranking da ATP.
Os anos seguintes desse auge estrondoso foram marcados por lesões e queda de rendimento. A despedida do tênis aconteceu em 25 de maio de 2008, na quadra central do campeonato que o consagrou: Roland Garros.
Ao fim de seus quase 20 anos de carreira profissional, Guga somou 30 títulos, sendo 22 individuais e 8 em duplas.
Títulos individuais
- 1997 – Campeão do Challenger de Curitiba (Embratel Cup) (Saibro)
- 1997 – Campeão do Grand Slam de Roland Garros(França) (Saibro)
- 1997 – Vice – Campeão do Master Series de Montreal (Canadá) (Rápida)
- 1997 – Vice – Campeão do ATP Tour de Bolonha (Itália) (Saibro)
- 1998 – Campeão do ATP Tour de Palma de Mallorca (Espanha) (Saibro)
- 1998 – Campeão do ATP Tour de Stuttgart (Alemanha) (Saibro)
- 1999 – Campeão do Master Series de Monte Carlo (Mônaco) (Saibro)
- 1999 – Campeão do Master Series de Roma (Itália) (Saibro)
- 2000 – Campeão do ATP Tour de Santiago (Chile) (Saibro)
- 2000 – Vice – Campeão do Master Series de Miami (E.U.A.) (Rápida)
- 2000 – Vice – Campeão do Master Series de Roma (Itália) (Saibro)
- 2000 – Campeão do Master Series de Hamburgo (Alemanha) (Saibro)
- 2000 – Campeão do Grand Slam de Roland Garros (França) (Saibro)
- 2000 – Campeão do ATP Tour de Indianápolis (E.U.A.) (Rápida)
- 2000 – Campeão do Master Cup de Lisboa (Portugal) (Rápida)
- 2001 – Campeão do ATP Tour de Buenos Aires (Argentina) (Saibro)
- 2001 – Campeão do ATP Tour de Acapulco (México) (Saibro)
- 2001 – Campeão do Master Series de Monte Carlo (Mônaco) (Saibro)
- 2001 – Vice – Campeão do Master Series de Roma (Itália) (Saibro)
- 2001 – Campeão do Grand Slam de Roland Garros (França)(Saibro)
- 2001 – Campeão do ATP Tour de Stuttgart (Alemanha) (Saibro)
- 2001 – Campeão do Master Series de Cincinnati (E.U.A.) (Rápida)
- 2001 – Vice – Campeão do ATP Tour de Indianápolis (E.U.A.) (Rápida)
- 2002 – Campeão do ATP Tour Brasil Open na Bahia (Brasil) (Rápida)
- 2002 – Vice – Campeão do ATP Tour de Lyon (França) – (Rápida)
- 2003 – Campeão do ATP Tour de Auckland (Nova Zelândia) (Rápida)
- 2003 – Vice – Campeão do Master Series de Indian Wells (E.U.A.) (Rápida)
- 2003 – Campeão do ATP Tour de São Petesburgo (Rússia) (Rápida)
- 2004 – Vice – Campeão do ATP Tour de Viña Del Mar (Chile) (Saibro)
- 2004 – Campeão do ATP Tour Brasil Open na Bahia (Brasil) (Saibro)
Títulos em duplas
- 1996 – Campeão do Challenger de Campinas (Saibro)
- 1997 – Campeão do ATP Tour de Santiago (Chile) (Saibro)
- 1996 – Campeão do ATP Tour de Bratislava (Rep. Eslovaca) (Saibro)
- 1996 – Campeão do ATP Tour de Punta Del Este (Uruguai) (Saibro)
- 1997 – Campeão do ATP Tour de Bolonha (Itália) (Saibro)
- 1997 – Campeão do ATP Tour de Estoril (Portugal) (Saibro)
- 1997 – Campeão do ATP Tour de Stuttgart (Alemanha) (Saibro)
- 2001 – Campeão do ATP Tour de Acapulco (México) (Saibro)
- 2002 – Vice – Campeão do Master Series de Paris (França) (Rápida)
- 2002 – Vice – Campeão do ATP Tour Brasil Open na Bahia (Brasil) (Rápida).
Davi x Golias: o que Guga nos ensina ao enfrentar o “esporte do vizinho” e vencer
Guga já chegou a comentar em mais de uma de suas palestras: “A primeira vez que a gente ganha, eu digo que foi sem querer. Ganhar a segunda vez foi mais difícil, pois tinha o peso da comprovação, para mostrar que não tinha sido sem querer”.
O que por vez, faz lembrar uma frase do Bernardinho, que diz que “mais difícil do que chegar no topo é se manter no topo”. Quando você entrega, altera a nossa necessidade de certeza, do sentimento do “sem nada a perder”. Vira pressão psicológica e poluição visual e sonora, sai apenas do âmbito esportivo.
Guga era um intruso. Tênis não é um esporte tradicional no Brasil. Temos grandes nomes, é verdade. Carlos Kirmayr, Jaime Oncins, Niege Dias, Marcos Hocevar, Luiz Mattar, o já mencionado Fernando Meligeni e Thomaz Koch fizeram parte da resistência. Mas Guga foi um elemento que transcendeu o esporte, virou símbolo. Teve de segurar essa pressão imbuída.
É muito mais fácil quando sua moeda tem mais valor. É muito mais fácil quando o esporte faz parte da sua cultura, quando tem investimento e público. Louco quando alguém que não está na patotinha ganha, né. E ganha muito, coleciona títulos, é o número 1 do mundo.
Guga foi um fenômeno, dentro e fora das quadras.
Além das quadras: Escola Guga Tênis
Guga não deixou seu legado apenas nas quadras. Quer construir o tênis para as próximas gerações. Quer minimizar a distância.
Desde que encerrou sua carreira profissional, moveu as peças para construir a Escola Guga Tênis, hoje gerenciada pela Guga Kuerten Franquias, especializada no ensino do esporte para crianças, adolescentes e adultos em todo o Brasil.
A iniciativa, que nasceu em 2010, tinha uma ideia de aulas com caráter mais lúdico. Evoluiu logo para uma empresa de franquias que foi ganhando o mercado brasileiro.
Hoje, além de atender crianças a partir de 4 a 10 anos, a Escola Guga também atende adolescentes de 11 a 15 anos na Escola Guga Juvenil; adultos na Escola Guga – Adultos; e os atletas do Beach Tennis, na Escola Guga – Beach Tennis.
Outra modalidade em expansão é a Equipe Guga, uma alternativa para os alunos que buscam o esporte de alto rendimento. É um dos principais pilares do tênis no Brasil.