Mercado pet movimenta cifras bilionárias e mexe com alguns dos sentimentos mais essenciais para o ser humano: afeto, companhia e segurança.
Segundo um relatório divulgado pelo Instituto Pet Brasil (IPB), o mercado pet movimentou, só em 2021, mais de R$ 51 bilhões. No primeiro trimestre de 2022, o setor cresceu 27% se comparado ao mesmo período do ano anterior, impulsionado sobretudo pelo pequeno empreendedor, bem posicionado perante a pandemia.
Dados respaldados pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), que mostra o Brasil como terceiro maior país em população total de animais de estimação. Abriga a segunda maior população de cães, gatos e aves em todo o mundo.
A Abinpet também aponta que esse mercado atualmente representa 0,36% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2020, o PIB do país encolheu 4,1%, mas o setor pet cresceu 13%. Tais números são expressivos.
As três subdivisões da indústria pet, “pet food”, “pet vet” e “pet care”, somam, juntas, mais de 1 mil empresas no país. Pet food representa 78% da receita (R$ 28,1 bilhões); pet vet abocanha 15 pontos percentuais (R$ 5,3 bilhões); e pet care fica com 7%, ou R$ 2,3 bilhões dessa fatia de faturamento.
Esses números colocam o Brasil entre os 10 maiores mercados do mundo neste tipo de segmento.
Eduardo Hikishima, CEO da FreeFaro, veio ao FS Cast, em um papo com André Barros e Rafael Capelli. Você pode assistir aos insights desse papo na íntegra através deste link e complementar sua experiência de leitura:
Pet é filho, não bicho de estimação
Radar Pet é a pesquisa anual da Comissão de Animais de Companhia (Comac), produzida pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan).
A edição de 2021 mostrou que o principal perfil de casas que adquiriram um gato durante a pandemia foi o de casais sem filhos. Para cães, o perfil predominante foi de pessoas morando sozinhas. A pandemia e o isolamento pediam por uma companhia.
O Radar Pet também perguntou à amostragem de pesquisa como enxergam seus animais – a resposta é quase unânime e enfática: como filho, membro da família, amigo, ou uma forma de assistência.
De 2019 para 2020, cresceram os percentuais de donos que veem seus pets como filhos e membros da família e, curiosamente, diminuiu a parcela de pessoas que os identificam apenas como ‘bichos de estimação”. Por exemplo, no Radar Pet 2019, 24% dos donos de cães os consideravam filhos; na edição de 2021, o percentual chegou a 31%.

Para todas as espécies, a sobrevivência dos filhotes depende que se desenvolva um laço afetivo muito forte com seu cuidador primário. Esse apelo afetivo, que podemos chamar de apego, seria, então, o laço formado para garantir segurança.
O estudo “Patterns of Brain Activation when Mothers View Their Own Child and Dog”, desenvolvido por pesquisadores do Massachusetts General Hospital e da Harvard University, comparou, através de exames de ressonância magnética funcional, a reação cerebral gerada quando mulheres viam fotos de seu filho e de seu cachorro.
Através do PET Scan e da ressonância magnética, os pesquisadores foram capazes de medir os níveis de ativação de estruturas cerebrais específicas através da detecção de mudanças nos níveis de fluxo de sangue e oxigênio no cérebro.
As mesmas regiões cerebrais que foram ativadas quando uma mãe via a foto do seu filho, também foram ativadas quando ela via a foto do seu cachorro. Essas áreas são relacionadas a recompensa, emoção, processamento visual e interação social. Uma região importante para a formação do laço emocional.
Quais os maiores desafios do mercado pet?
No varejo, um dos desafios é conseguir entregar uma oferta diferenciada, em um cenário o qual grande parte dos itens comercializados são commodities, como ração e medicamento.
Dessa forma, quem trabalha, tanto no físico, quanto no digital, precisa ter a provisão de produtos adequada para o mercado local que irá atuar, entregando aos clientes o que é do interesse deles e com boas condições de preço. Não peque pelo excesso, mas pela entrega diferenciada.
É uma falha de processos não ter controle da sua capilaridade de produtos, que podem transbordar no excesso e cair no esquecimento das prateleiras e estoques.
Tenha uma marca própria e encontre todos os meios possíveis para obter melhores condições de margem, sem depender de plataformas de terceiros. Além disso, você aposta na exclusividade e em métricas como fidelização e retenção de base.
Toda a engrenagem desenhada só terá força para funcionar bem com sistemas de Business Intelligence e Customer Relationship Management, os quais oferecem uma base atualizada de dados da operação, tão estratégica para as tomadas de decisão.
O cliente que vai a uma megaloja busca preço, variedade, auto serviço e estacionamento. Já o cliente de bairro quer atendimento personalizado, serviço de banho e tosa, conveniência da loja estar próxima da sua casa e praticidade.
Entenda seu market-fit e seja excelente nele.
O conceito de Pet Fashion e Lifestyle Pet
As pessoas não conhecem necessariamente a imagem da FreeFaro, mas conhecem a iconografia das figuras franqueadas pela Disney, por exemplo.
Uma das principais alavancas de crescimento usadas por Eduardo Hikishima foi o licenciamento de produtos, o que facilitou a expansão e adesão de seus acessórios de moda pet. Se posicionaram, tal qual George Lucas foi percursor na década de 1970.
Você irá encontrar estampas das mais conhecidas franquias da cultura pop, em diversas cores e modelos – e há até aquelas que são fantasias. Seu cachorro ou gato pode se transformar em um super-herói ou até em um dinossauro. Quem resiste a isso? Outras, mais sóbrias, cumprem a sua função com elegância para donos e animais mais discretos.
Você também encontrará acessórios úteis e práticos dentro do segmento de moda pet, com coleiras e peitorais, além de guias personalizadas.
Mas atenta: qualquer roupa ou acessório deve estar ali para que o animal se sinta bem. É importante entender as necessidades do animal e sua pelagem. Um pug é diferente de um pastor-alemão.
Eduardo Hikishima e o timing do empreendedorismo
Pode parecer redundante, mas planejar antes de se lançar à vida de empreendedor é crucial.
Eduardo Hikishima entendeu que o empreendedorismo era sua válvula de crescimento – e teve um timing perfeito. Hoje, o mercado é altamente dinâmico e isso significa que todos os seus players estão constantemente procurando formas de inovar e se diferenciar.
O timing é um processo de análise de mercado, mas segundo Eduardo, o que empreendedores não podem deixar de fazer é botar a barriga no balcão e executar.
Seja proporcionando uma experiência de compra inovadora, seja apostando em uma aplicabilidade de produto nunca antes vista. Não é necessário apostar em todas as inovações que surgirem, mas só de acompanhar as tendências já será mais fácil filtrar as que fazem sentido e as que não fazem e manter o seu negócio relevante.
O CEO é atento e planeja cada passo. Equilibra esses dois elementos para agir de forma responsável. Timing fortaleceu o diferencial do negócio, sustentado por uma execução constante e firme. Isso faz com que a empresa seja reconhecida com mais facilidade no mercado pelos consumidores e inclusive pela concorrência.
Acompanhar o trabalho de especialistas e estudiosos do mercado é uma ótima forma de começar, segundo o executivo. Não raro, eles conseguem perceber mudanças ou veem potencial em uma novidade que pode estourar depois. Ao seguir os melhores do seu mercado, você acompanha a vanguarda de conteúdo.
Diz também sobre a disciplina de um planejamento estratégico. O planejamento estratégico é um conjunto de planos e medidas traçadas para alcançar os objetivos da empresa.
A importância do planejamento estratégico está muito ligada ao controle do empreendedor sobre o próprio negócio. Definir os objetivos e os caminhos para alcançá-los evita que o empreendimento se perca, podendo investir em um mercado que não faz sentido para ele ou gastando muito tempo em um produto que não vale a pena, por exemplo.
Isso se dá tanto na pequena quanto na grande escala, pois com objetivos e metas traçadas, o empreendedor consegue ter uma noção geral de como vai o negócio e do que esperar dele.
Além de ser uma forma de manter todo o negócio sob controle e com as prioridades em ordem, elaborar um planejamento estratégico também é uma forma de medir o desempenho dos colaboradores e da empresa como um todo.