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Quem é Victor Sarro, empreendedor, roteirista e, às vezes, comediante

Quem é Victor Sarro, empreendedor, roteirista e, às vezes, comediante

Sumário

Victor Sarro tira uma casquinha da vida, mas também a leva muito sério quando o assunto é fazer um trabalho bem feito.

Uma viagem de Uber pela qual o motorista não para de falar um minuto sequer e toda a narrativa é um absurdo. Uma defesa ferrenha sobre ar condicionado. Beleza, é notório, mas ao abrir a porta do carro e sair, é seguir com a vida. Nada demais, um motorista que não parava de falar, qualquer absurdo que fosse, vamos para a próxima.

Victor Sarro é um personagem que consegue magistralmente colocar uma lupa sobre algo trivial e tornar a narrativa incrível. Não foi só um motorista que não parava de falar. Era um motorista com determinadas características que estava militando a favor do ar condicionado. É um texto fértil e rico.

Ele conhece bem a simplicidade dessa fórmula e sabe contar as histórias de uma forma que parece estar intimamente na resenha com seus amigos. E isso manifesta sua principal característica: pessoa que se relaciona, pessoa que se envolve em projetos.

É empreendedor, roteirista, comediante e frequentador de podcast – como gosta de dizer.

Ele veio ao FS Cast, em um papo com André Barros e Rafael Capelli. Você pode assistir aos insights desse papo na íntegra através deste link e complementar sua leitura do conteúdo:

Victor é seu próprio empresário e dedica pelo menos 8 horas por dia para trabalhar em seus compromissos, shows, séries, filmes e finanças. Se tornou um gestor da carreira que construiu para sua própria vida. Cuida dos mínimos detalhes, daquilo que é seu.

Possui as virtudes de quem tira um “sarro” com a vida, mas leva ela a sério ao ponto de planejar estrategicamente todas as arestas que compõem o crescimento consistente e sustentável de sua carreira. Não por menos, registra 1,2 milhões de seguidores no Instagram e está na cara da mídia recorrentemente.

Suas histórias não são mais tão triviais assim, mas o encanto continua arrastando uma legião de fãs. Mas afinal, o que está por trás do fenômeno Victor Sarro?

A trajetória e carreira de Victor Sarro

Victor Sarro é de São Bernardo do Campo – e gosta de fazer piada com isso. Nunca, no entanto, viveu naquela cidade: passou a infância e a adolescência na capital paulista. Desde cedo apresentava traços para seu maior charme: se relacionar. De riso fácil, sempre provocou riso fácil.

Começou como palhaço de um restaurante e com um nariz vermelho o mundo encantou. O primeiro estalo da carreira, um concurso de stand-up no programa da Ana Hickmann. Ganhou R$ 40 mil e uma moto.

O carisma de Victor o levou ao “Comédia em Pé”, o primeiro grupo de comédia stand-up do Brasil, à convite do próprio Fábio Porchat. Uma escola que trouxe um timing que poucos humoristas no Brasil possuem. Não demorou para ganhar “O Mais Novo Talento do Humor do Brasil”, no programa “Tudo é Possível”, da RecordTV. 

Victor Sarro é daqueles profissionais camaleão, que se adequam conforme às circunstâncias que lhe são dadas. Talvez essa seja a tônica da construção de sua carreira meteórica, que é marcada por uma polivalência impressionante, programática ou simplesmente obra de uma série de fatores que o improviso da comédia provoca.

Foi parar na TV Globo, onde assumiu o cargo de redator e repórter do programa “Encontro com Fátima Bernardes”. Não se adequou ao tom. Talvez fosse uma matemática simples. Ainda na emissora, virou redator e integrante do elenco do Esquenta!, com Regina Casé; roteirista e comediante do Altas Horas, com Serginho Groisman; e também roteirista para o Vídeo Show e o Programa do Porchat.

Em 2020, apresentou o programa Anitta Entrou No Grupo, ao lado da cantora Anitta, no Multishow, e se tornou apresentador digital da décima segunda temporada do reality show “A Fazenda”, com os quadros Cabine de Descompressão e Live do Eliminado.

Viaja recorrentemente com o Risadaria, o maior festival de humor do mundo, e também está presente nas plataformas digitais, principalmente no Instagram, onde registra 1,2 milhões de seguidores.  

Diante de um vasto currículo, o que cativa é que Victor Sarro é um cara engraçado. Assim. Daquelas pessoas que você olha e qualquer coisa que ela fizer provoca uma reação de riso. Ele consegue colocar uma lupa sobre as coisas triviais da vida e torná-las incríveis.

Steve Jobs afirmou que criatividade é “conectar coisas”. Ao contrário do que muitos pensam, criatividade não se resume a momentos de insight que simplesmente acontecem com pessoas “iluminadas”. Não é questão de genética ou um comportamento meramente espontâneo. 

Victor Sarro ri sobre piadas internas com seus amigos, que ele milagrosamente consegue fazer serem engraçadas fora do seu círculo de amigos. Quem não se identifica? Quem não tira onda com as histórias e vivências da sua galera? É uma delícia ver a forma que ele fala sobre isso.

Quem não toma caminhos diversos para encontrar novas possibilidades na vida? Muita gente certamente já passou por isso em algum momento, ou testemunhou alguém passando. É fator de identificação imediato.

Victor Sarro se relaciona bastante, mas não é uma pessoa que culpabiliza em nenhum momento, sempre olha para frente. É um pouco do que todos queremos ser. Todos nos identificamos. É um cara que, por onde passa, agrega ou transforma de alguma maneira. Tem pés no chão, sabe de onde veio e sabe do esforço que foi para conquistar o que conquistou.

As apostas incertas e as reviravoltas que cada ciclo te dá, a partir do momento em que você continua caminhando, sem nunca parar. Circunstâncias adversas existem e muitas vezes a gente é levado para um caminho que a gente nem imagina o quanto pode ser importante em uma construção maior. 

Processo criativo apurado para captar a realidade e traduzi-la

A comédia surge a partir de uma “visão ampliada da realidade”, ou seja, a graça estaria justamente em ver uma perspectiva diferenciada nos comportamentos e nas atitudes corriqueiras que acontecem anonimamente ou que repercutem na sociedade. 

Logo, se a lente é o comportamento social, o processo criativo precisa ser minuciosamente apurado. É uma vastidão de objetos de estudo. Você precisa estar com um radar atento ao que acontece constantemente.

O humorista não é um mágico das piadas, mas um curador de assuntos. Humor não é apenas charme, mas sim uma ampla pesquisa sobre comportamento e adequação ao público.

Ser criativo, passar por um processo criativo, não é só apenas sobre criação, sobre o lado artístico. Ser criativo é ter um set de habilidades para resolução de problemas, pessoais ou profissionais, grandes ou pequenos. É achar saídas. 

Ser criativo não é dominar mais o pacote Office da vida. É dominar toda a Nuvem da vida. Uma linguagem em camadas, visual, mais clara, que se faz ser compreendida. Mas para passar por esse processo e achar suas saídas, você precisa aprender a conviver com os tombos e com as lições que as rupturas trazem para os novos caminhos.

Pense em alto volume. Tenha bastante ideias e bote na rua. É dessa parte do processo criativo para resolução de problemas que você não deve ter medo. De tentar, de assumir riscos.

Dentro da mesma nuvem de palavras, não tem sonho grande, nem qualquer resolução que você tenha que percorrer para atingir esse objetivo, que se sustente sem ousadia para bancar assumir riscos, porque apostar no incerto pode te trazer o fracasso ou a conquista.

É o cinto do Batman de Murilo Gun, o cinto de utilidades genéricas que todo mundo precisa ter na vida: ser comunicador, mas mais do que isso, conseguir se fazer compreendido. 

O mercado de humor

Há alguns anos, a Netflix vem usando o slogan “Netflix is ​​a Joke”, ou, “Netflix é uma piada” – uma alcunha aparentemente debochada com o objetivo de chamar a atenção para a riqueza de conteúdo de comédia que hospeda em sua plataforma de streaming. 

Como revela uma pesquisa da Statista Global Consumer Survey, a comédia é o gênero mais consumido na Netflix (74%). Os índices ainda apontam para drama (65%) e os gêneros de suspense/mistério/crime (59%) completando o pódio. 

Netflix is a joke: a comédia é o gênero mais consumido da plataforma de streaming. (Crédito: Statista)

Netflix is a joke: a comédia é o gênero mais consumido da plataforma de streaming. (Crédito: Statista)

Thiago Ventura, outro comediante de stand-up, fechou há algum tempo uma parceria exclusiva com a Netflix, para um novo especial. O resultado? TOP 1 na plataforma aqui no Brasil e disponibilizado para o mundo todo. 

“Sabe quando chega na final de um campeonato, o jogo está dois a dois, você é o goleiro, aí o cara chuta a bola e você, no último lance, defende essa bola e vê todo mundo feliz por sua causa? Foi assim que eu me senti nesses dias. Um goleiro que defendeu um grande pênalti e ajudou a equipe a vencer”, declarou Thiago em uma entrevista ao Correio do Povo.

Em contrapartida, no teatro, nos eventos de comédia, onde Victor Sarro se sente à vontade, as projeções para o mercado continuam otimistas. Só nos Estados Unidos, é esperado que essa indústria atinja um valor de US$ 3,4 bilhões até 2024.

Troca humana é a parte mais genuína para mostrar que você se empolga pela presença da pessoa – e não pela carga que ela carrega como profissional, como qualquer atribuição que lhe for conferida. Isso é consequência de um papo entre pessoas que querem se conhecer e ter um momento de progresso, de compartilhamento de ideias.

Esse é o triunfo que vai muito além do potencial monetário que Victor Sarro pode entregar.

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