No fim das contas, o que são criptomoedas? Como funcionam e por que alcançaram tanto impacto na sociedade?
Segundo o estudo “Moedas digitais: entenda o que são criptomoedas, stablecoins e CBDCs”, publicado pelo Instituto Propague, o registro da primeira criptomoeda data 2009, com a criação do Bitcoin.
Ela surge um ano após a grande crise imobiliária de 2008, em um contexto de muita desconfiança nas instituições financeiras. As tecnologias que na época começavam a ser democratizadas aceleravam a digitalização dos processos monetários.
Começa aí borbulhar os primeiros experimentos com criptomoedas. A ideia, explica o estudo, era “buscar por formas alternativas de realizar transações financeiras que mantivessem a privacidade do usuário e que não estivessem associadas ao sistema bancário e às autoridades governamentais”.
Cinco anos depois da criação do Bitcoin, em 2014, já eram 5.004 moedas. Passado pouco mais de uma década, em 2021, esse número quase dobrou.
Existe, entretanto, ainda um vasto espaço para debater seu verdadeiro conceito, segurança e utilização, cujos pontos críticos foram abordados em nosso Day Spa com Nana Guardian. Confira:
Mas afinal, o que são criptomoedas?
Criptomoedas são moedas digitais criadas em uma rede descentralizada e protegida por criptografia. Para o Instituto Propague, uma definição simples pode passar pelas palavras. “Elas são o que chamamos na terminologia de moeda virtual: um tipo de moeda digital que não é denominada em alguma moeda oficial”.
Moedas virtuais, moedas digitais, porque não são ativos físicos. Não é uma cédula de real, de dólar ou de euro. Uma criptomoeda, em termos físicos, é intangível. Ela funciona sumariamente nas transições digitais.
São criadas em uma rede descentralizada, pois não existe um órgão ou um governo responsável pela intermediação e controle de sua emissão e transferência. Ela é peer-to-peer, ou seja, de usuário para usuário.
Por ter sido a primeira, naturalmente o Bitcoin é a mais popular, angariando pouco mais de 40% do mercado, como mostra o estudo. Dentre as demais, as que mais merecem destaque por valorização estão: Ethereum, Tether, Ripple, Litecoin, Bitcoin Cash, EOS, Binance Coin, USDT, Cardano, Dogecoin e Stellar.
Aqui no Brasil, por exemplo, existem criptomoedas como a B2U Coin, Niobiocash, WibX, Bitblocks, Hathor e CriptoBRL.
A explosão no preço das criptomoedas surge da velha lei da oferta e da demanda. Uma tecnologia que escancara um precipício ao mercado financeiro agita as capas de jornais todos os dias. As pessoas procuram mais pelo tema, negociam mais e, consequentemente, fazem com que sua cotação aumente.
As tecnologias que possibilitam a aplicação das criptomoedas
Para compreender as premissas que permitem as funcionalidades das criptomoedas, é necessário discutir três aspectos tecnológicos fundamentais: criptografia; “Distributed Ledger Technology” (DLT), ou em tradução livre Tecnologia de Registros Distribuídos; e blockchain.
Segundo o estudo, “criptografia é a tecnologia usada para impedir a leitura de dados armazenados e permitir que informações sejam transmitidas de maneira segura independentemente de o canal de transmissão ser ou não seguro”.
É a parte da engrenagem da criptomoeda que garante a integridade e confidencialidade dos dados, diretriz fundamental para as outras duas tecnologias funcionarem.
O DLT é um banco de dados digital. O estudo destaca que “as informações são criptografadas e distribuídas geograficamente em uma rede sem administrador central, diferentemente do que ocorre com outros tipos de bases de dados que ficam registradas em um servidor centralizado”.
O DLT é o registro contábil digital. O banco criptografado sobre a propriedade dos ativos e transações. Dentre os DLTs, uma variável específica cai como uma luva ao sistema das criptomoedas: o blockchain.
Aqui a base de dados é organizada na forma de blocos encadeados sequencialmente, tornando sempre o bloco anterior imutável. Isso faz com que nenhum usuário possa gastar duas vezes a mesma criptomoeda.
O blockchain é uma camada extra de verificação do registro contábil digital e descentralizado.
O conceito de mineração de criptomoedas
Partimos do pressuposto que as criptomoedas são moedas digitais criptografadas. Dito isso, por ser um mercado descentralizado, nenhuma instituição central controla e intermedia essas operações.
O registro contábil de cada transação é feito através da Distributed Ledger Technology, ou no caso específico das criptomoedas, o blockchain. Essa tecnologia é peer-to-peer, ou seja, de usuário para usuário, que ao registrar cada transação criptografada, minera a criptomoeda.
Esses usuários são conhecidos como mineradores. No livro “Bitcoin: A moeda na era digital”, o autor, Fernando Ulrich, explica que “o Bitcoin foi projetado de modo a reproduzir a extração de ouro ou outro metal precioso da Terra. Assim, somente um número limitado e conhecido de bitcoins poderá ser minerado”. Daí a alcunha.
Mas como a mineração funciona? Na prática, mineradores disponibilizam a capacidade de processamento dos seus computadores para efetuar os registros e conferir as operações realizadas por meio de criptomoedas. Por esse trabalho, eles recebem como remuneração novas unidades delas.
O conceito de NFTs
NFTs (non-fungible tokens) são tokens não fungíveis ou, basicamente, um título de propriedade digital que não pode ser fraudado, mas pode ser emitido e negociado totalmente online, de forma eficiente e segura.
Basicamente, um NFT é capaz de garantir a propriedade sobre um ativo digital ou a autoria e licenciamento de uma obra com segurança no universo digital, frente a assustadora distribuição e reprodução ilegal de conteúdo online.
Tokens em geral (não só os NFTs) rodam em um protocolo ou tecnologia chamada blockchain. De forma resumida, blockchain é um sistema que permite rastrear o envio e recebimento de alguns tipos de informações pela internet.
São pedaços de código gerados online, que carregam informações conectadas, como blocos de dados que formam uma corrente.
É esse sistema que permite o funcionamento e transação das chamadas criptomoedas, totalmente criptografadas e descentralizadas. Os NFTs representam, então, uma grande oportunidade para assegurar qualquer tipo de contrato digital, sem intermediários, de forma que ele tenha um registro irrevogável.
Veja possíveis aplicações de NFTs abordados em nosso Day Spa com Danilo Avelar:
Para que servem as criptomoedas?
Criptomoedas são moedas, logo, suas funções giram em torno da troca, reserva de valor e ainda unidade de conta.
O estudo do Instituto Propague diz que “quando o Bitcoin foi lançado, inaugurando o mercado de criptomoedas, o objetivo declarado era o de permitir pagamentos digitais anônimos que não passassem por instituições financeiras ou governamentais”.
Para além do uso essencial de uma moeda convencional, o uso das criptomoedas inclui privacidade e uso de uma rede global e descentralizada. Hoje, com um mercado mais maduro, ainda assume a função de diversificação de investimentos e possibilidades de ganhos reais.
Os desafios que o futuro cripto ainda levantam questões
De acordo com o estudo do Instituto Propague, os três grandes desafios que as criptomoedas enfrentam estão relacionados à descentralização, ao seu caráter nocivo ao meio ambiente e ao sistema que está sendo criado ao seu redor.
Chegar em um acordo sobre a sua regulamentação, ou não, é um dos grandes dilemas dos países mundo afora. O conceito nasce descentralizado, mas todo mundo bate cabeça sobre como controlá-lo.
O risco ambiental, por sua vez, vem, principalmente, das blockchains, que consomem um volume imenso de energia elétrica, por conta do uso intensivo de muitos computadores ao mesmo tempo. Ela vai contra aos esforços de criar um futuro mais sustentável, com energias renováveis.
Sobre o sistema que está criando ao seu redor, destacam os pesquisadores do Propague, está relacionado a especulação e a excessiva volatilidade de preços, o que impacta na sua democratização como meio de pagamento.
“Na prática, comerciantes que aceitam criptomoedas como meio de pagamento tendem a determinar preços em unidades de moeda fiduciária e cobram o equivalente em criptomoedas a partir da taxa do momento da conversão, não sendo a criptomoeda em si a unidade de conta”, diz o estudo.
O mesmo raciocínio vale para a função de reserva de valor.
“A volatilidade faz com que não seja garantido que guardá-las por um longo período reterá poder de compra sem custo de carregamento. A volatilidade dificulta sua expansão como meio de troca”.